quarta-feira, dezembro 23, 2009

Natal Interior por Gauss


É no milagre de Natal
Que feito larva em metamorfose
Criamos asas e voamos num sonho
De um mundo melhor,
De amor ao próximo,
de bondade plenas e cortesias
a esmo

E se não for assim
que sequer brilhem as luzes
Do nosso pinheirinho interior

Gauss

quinta-feira, dezembro 17, 2009

joanetes, talentos, calosidades e obstinações

Um reflexologista olhava para os pés de muita gente, que insistia em tirar as meias e mostrar calosidades e joanetes. A conclusão era sempre a mesma... joanetes, fuga do ideal de vida, da vocação do que estava previsto, contrariedade. Já as calosidades são o mesmo que dizer obstinações.
Agora se avaliarmos que cada zona do nosso pé em reflexologia está directamente ligada a uma zona ou orgão vital no corpo, se calhar começamos a ver as origens dos nossos problemas. E não vale ir ao reflexologista depois de sair da esteticista, porque os calos vão nascer enquanto perdurarem as obstinações...

Curiosidade...são as mulheres que registam o maior número de pés com joanetes...e não tem a ver com uma questão de vaidade.

Acabei por tirar as meias... e perguntar ao reflexologista...como é que se tratam casos graves de obstinação?
Ao que ele responder, quando mudar o caminho da sua vida e começar a fazer aquilo que devia ...

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Linhas trocadas...


Ele queria ligar para a Alexandra no banco ao lado do meu

Eu não ligava a ninguém...mas ouvia muita gente

Do outro lado uma mulher falava alto

Sobre um marido embriagado,

sobre a falta de caminho a seguir

Por não saber como chegar a casa...e se calhar...por não querer mesmo chegar


Ao meu lado ele continuava a ligar para a Alexandra...mas ela não o queria ouvir

Pelo contrário toda a gente ouvia os gritos da outra mulher desesperada...


Eu continuava a ouvir um mundo de ruídos, e não sabia bem se queria continuar a ouvir

Se afinal me bastava ver... ver se alguém me ligava... ou se punha o telefone no silêncio

para poder ouvir a mulher que ninguém queria ouvir... ou fazer de conta que era a Alexandra

e falar com ele que ligava insistentementemente para ela...sem sinal de resposta.


Saí, o comboio seguiu o comboio...ela continuou a gritar...e ele ficou em silêncio

Eu...olhei para o telefone mas não liguei para ninguém.




quinta-feira, dezembro 03, 2009

Fazer pela vida

Há quem diga que todos os dias temos de fazer pela vida.
Eu digo, existem dias em que temos de fazer para que a nossa vida mude de rumo!

Pelo menos para o rumo que queremos... sobretudo quando gostamos do mar das Caraíbas, e estamos a ver que o nosso barco está mais perto da Antártica.

Eu aos poucos e poucos tenho sentido que este meu barco tem andado a ser levado pelo forte vento Norte, e eu deixei-me levar...mas...finalmente arranjei motor...ecológico para não poluir, mas com força suficiente para me fazer ir até onde quero, nem que para isso tenha de voltar ao início da viagem.


Eu chego lá...eu sei que sim...


~
Quanto vale afinal ser uma pessoa no meio de uma multidão...será o mesmo que uma gota no meio do mar...direi que sim...muitas gostas mudam a maré, muitas pessoas fazem uma multidão, uma multidão muda mentalidades...é isso!

segunda-feira, novembro 23, 2009

sexta-feira, novembro 20, 2009

Tenho uma cabeça independente de um corpo dependente...


Há dias em que sinto

Que se a minha cabeça

Tivesse autonomia total do meu corpo

Continuava desaustinada a andar por aí

a pensar sem parar,

a fazer tudo e mais alguma coisa


Enquanto o meu corpo lhe pede... por favor...deixa-me descansar

quarta-feira, novembro 11, 2009

Duas versões para dizer duas vezes que...

Nada, nem ninguém vai mundar o meu mundo...



terça-feira, novembro 10, 2009

O Universo é um Holograma

Há nove anos atrás vivia em Paris, procurava, como ainda hoje, encontrar o sentido da vida, que segundo os Monty Pyton é algo tão simples como olhar para o "lado brilhante" ou vá sorridente...mas que para mim é muito mais do que isso, se bem que encontro muito sentido, na falta de sentido da vida dos Monty Pyton :)

No outro dia arrumava a minha estante de livros, e por isso vos falei em Paris inicialmente. Porque a história que aqui conto se passou nesta cidade. Tinha lá chegado há coisa de dias, ainda não sentia que tinha aterrado nela bem, e escolhi ao acaso um daqueles cafés em Saint Michel, que veio a revelar-se um dos meus favoritos, se bem que sinceramente não me lembro do nome... será que era mais perto do Quartier Latin? Também isso não acrescenta nada...a não ser que fosse falar de um romance tórrido com um qualquer latino, e não tem nada nem de romance, nem de tórrido, nem de latino.

Estava uma tarde ainda fresca de Abril, e eu pedi um café...que se ali se não for pedido como expresso vem numa chávena de chá, e que não tem o memso sabor do cafezinho feito pela avó naquelas cafeteiras de esmalte...com aquele cheirinho que nos acordava em miúdos na província...mas bom...continuando...
Nessa altura também tinha o hábito de fumar um ou outro cigarro, para me fazer companhia, e a minha, quer dizer, a Minolta semi-automática do meu pai andava sempre comigo.


Tudo isto para dizer que estava perdida nos meus pensamentos, no meu café, no meu cigarro e no que ia fazer no resto da tarde, quando um rapaz pergunta se se pode sentar ao meu lado e oferecer-me um livro...é verdade...eu compunha o quadro inteiro...só faltava o livro... deixei-o sentar-se, conversámos o rsto da tarde, ele seguiu para casa ele e eu para minha.
Lembrei-me hoje desta história porque também hoje me lembro que nunca cheguei a ler olivro que ele meu deu, mas tê-lo encontrado no outro dia na estante talvez queira dizer-me algo... talvez que todos estes anos depois, seja uma boa hora de o ler...

O Livro? L'Univers c'est un Holograme... de Michel Talbot

O rapaz? Nunca mais o vi!

quarta-feira, novembro 04, 2009

Há camisolas que não se conseguem despir...



Sabes quando olhas para uma t-shirt e dizes...foi feita para mim. Vestes e fica à tua medida, nem larga, nem apertada, e a cor? Combina com o teu cabelo, os teus olhos, o tom do teu sorriso e mesmo de toda a roupa que tu usas.

Sabes que ela se suja, e que tens de lavá-la, mas como é tão tua,tão a tua medida, não te importas que envelheça contigo, que fique pendona, perca elasticidade e cor...aliás assim é que ela tem piada...e nem queres usar mais nenhuma, porque aquela é que é a tua t-shirt...

Há porém um dia, que uma nódoa cai, fazes um puxão, passas numa falha de uma porta e fazes-lhe um rasgão... tu...e mesmo assim continuas a querer vesti-la...sabes que o conforto que te dá não equivale a nenhuma outra de maior griffe ou status... e mesmo quando já não haja cura, nem hipótese... sentes pena de ter de deitá-la fora...

Depois...depois tens frio...não consegues vestir mais nenhuma...já que nada te assentará tão bem como antes...como aquela t-shirt...

Existem coisas, pessoas e situações na nossa vida que são assim...ficam-nos bem como as camisolas que achamos que vamos vestir para sempre...até que uma nódoa ou um rasgão, ou alguém influente diz que não, e nos obriga a tirá-las...de uma vez por todas da nossa vida...

quinta-feira, outubro 29, 2009

quarta-feira, outubro 28, 2009

Desabafo de mulher


Hoje senti asco pela espécie humana, e pela forma como trata o seu semelhante, e uma vez mais, a revolta... algo que me acompanha desde criança, pela forma como o ser humano masculino trata o ser humano feminino desde os primórdios...até à altura em que Eva deu a maçã a Adão, e ele, paneleiro...não soube recusar. ~


Na lista abaixo fala-se em "tálibã" afegão, e se houver vergonha na cara, os homens deveriam ser os primeiros a prestar homenagem ao ser que lhes deu oportunidade de nascer, através das dores de parto e de todo o trabalho de 9 meses (e toda a dedicação de uma vida e do amor materno, que é único e sagrado) que envolve esforço, amor e dedicação, e não tratá-lo de forma que nem os próprios animais tratam o seu semelhante.


Terrível é o legado que as filhas de Eva terão de ter para sempre, e por muitas vozes que hajam a insurgir-se contra a tirania masculina (ainda ontem na palestra sobre reflexologia que assisti, dizia o orador que as mulheres tinham mais joanetes que os homens, e não diz ele, não estão directamente ligados ao uso de sapatos apertados, porque os homens também os usam, mas sim à forma como as mulheres nascem sob o sacrifício de modificaram os seus desejos e vontades, à subserviência dos seus pares masculinos... lembram-se dos pezinhos das chinesas que eram malformados a partir da nascença, para caberem em sapatinhos minúculos? Pois isso não era mais para as manter de passadas pequenas, para andarem sempre atrás do homem...) Chamem-me feminista, eu confesso que luto sim pela igualdade justa entre homem e mulher, para que a divisão das tarefas não seja a limpeza da mulher, trocada pela sujidade do homem, a comida na mesa feita pela mulher, a a sujidade do homem do prato, que muitas vezes não o sabe sequer levantar da mesa... E se depois disto ainda tiver homens contra mim apenas tenho a perguntar-lhes..QUEM VOS DISSE QUE ERAM UM SER SUPERIOR?


A lista que se segue mostra uma pequena parte da terrível vida das mulheres no Afeganistão, e não será capaz de expor profundamente a humilhação, sofrimento e privações que sofrem.Os Talibã tratam as mulheres pior que animais. Declaram ser ilegal manter animais presos em gaiolas ou jaulas, mas mantêm como prisioneiras as mulheres, entre as quatro paredes das suas casas. Excepto claro, para parir crianças, satisfazer as necessidades sexuais dos homens ou fazer o trabalho da casa, já que as mulheres não têm nenhuma importância aos seus olhos (existem também muitos países que consideram um fardo ter uma menina, por exemplo, como na China ou na Índia), ou então o mais ridículo... a culpa atribuída à mulher por ter uma filha e não um filho, quando é o homem que passa o cromossoma Y, ou seja o que distingue um homem de ser mulher (O Nuno Markl aqui há uns tempos, dizia que um Y não era senão um X defeituoso...ao menos tu ó Markl, para dares um elogio destes às mulheres...)


1-É absolutamente proibido às mulheres qualquer tipo de trabalho fora de casa, incluindo serem professoras, médicas, enfermeiras, engenheiras, entre outras
2-É proibido às mulheres andar nas ruas sem a companhia de um mahram (pai, irmão ou marido).
3-É proibido falarem com vendedores homens.
4-É proibido serem tratadas por médicos homens.
5-É -lhes proibido estudar em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional.
6-É obrigatório o uso do véu completo (Burka) que cobre a mulher dos pés à cabeça.
7-É permitido chicotear, bater ou agredir verbalmente as mulheres que não estiverem a usar roupas adequadas (burka) ou que estejam a agir (só porque lhes apetece) em discordância com o que o Taliban quer, ou ainda que esteja sem o seu "mahram".
8-É permitido chicotear mulheres em público se não estiverem com seus calcanhares cobertos.
9-É permitido atirar-lhes pedras publicamente caso tenham tido sexo fora do casamento (se tiverem tido vários amantes serão apedrejados até a morte).
10-É proibido qualquer tipo de maquilhagem ( muitas mulheres viram os seus dedos cortados por pintar as unhas).
11-É proibido falar ou apertar as mãos de estranhos.
12-É proibido à mulher rir alto. (nenhum estranho pode sequer ouvir a voz da mulher)
13-É proibido usar saltos altos que possam produzir sons enquanto andam, já que é proibido a qualquer homem ouvir os passos de uma mulher.
14-A mulher não pode usar táxi sem a companhia de um "mahram".
15-É proibida a presença de mulheres em rádios, televisão ou qualquer outro meio de comunicação.
16-É proibido às mulheres a prática de qualquer tipo de desporto ou mesmo entrar em clubes ou locais desportivos 17-É proibido às mulheres andar de bicileta ou motocicleta, mesmo com seus"mahrams".
18-É proibido o uso de roupas que sejam coloridas ou, que em suas palavras "que tenham cores sexualmente atractivas".
19-É proibida a participação de mulheres em festas.
20-As mulheres estão proibidas de lavar roupas nos rios ou locais públicos,
21-Todos os lugares com a palavra "mulher" devem ser mudadas, por exemplo: "o jardim da mulher" deve passar a chamar-se "jardim da primavera".
22-As mulheres são proibidas de aparecer nas varandas das suas próprias casas.
23-Todas as janelas devem ser pintadas de modo às mulheres não serem vistas dentro de casa por quem estiver fora.
24-Os alfaiates são proibidos de costurar roupas para mulheres
25-As Mulheres estão proibidas de usar casas de banho públicas (a maioria não tem wc em casa)
26-Transportes públicos estão divididos em dois tipos, para homens e mulheres. Os dois não podem viajar no mesmo 27-É proibido o uso de calças compridas mesmo debaixo do véu.
28-As Mulheres não podem se deixar fotografar ou filmar.
29-As fotografias de mulheres não podem ser impressas em jornais, livros ou revistas ou penduradas em casas e lojas
30-O testemunho de uma mulher vale metade do testemunho masculino, a mulher não pode recorrer à corte directamente - isso tem que ser feito por um membro masculino da sua família
31-É proibido às mulheres cantar.
32-É proibido a homens e mulheres ouvir música.
33-É completamente proibido assistir filmes, televisão, ou vídeo.


fiquei sem palavras...apesar de não parecer

sábado, outubro 03, 2009

Quentes e boas...


Soube ontem que tinha chegado o Outono...vi um vendedor de castanhas assadas...e cheirei-as

quarta-feira, setembro 16, 2009

Um dia de raiva...

Ontem devia ter adormecido e hoje só devia ter acordado amanhã!


Há dias assim! Dizem-me para cerrar os dentes e chutar em frente, mas sinceramente tudo o que menos me apetece é jogar à bola...


Eu tento controlar a raiva, contar até dez, fazer Yôga, respirar fundo...mas há pessoas, situações e momentos que só me fazem ter vontade de rebentar com as estruturas...


Como sou humana e a realidade às vezes dói, choro, barafusto, grito, bato com as portas e dou socos nas almofadas... os especialistas dizem que ajuda, eu sinceramente acho que me deixa cada vez mais frustrada...isso e não ter dinheiro


Qualquer dia acordo num dia de raiva... ai acordo.
Sou mulher mas tenho demasiada "testosterona" para ser uma cabeleireira...

Há quem me chame amazona...prefiro dizer que não gosto que me pisem...

terça-feira, agosto 25, 2009

Uma questão de sinalética

Antes mesmo de ir de férias resolvi, como habitualmente, fazer algo que os homens julgam apenas direccionado para eles, e algo impensável e/ou impossível de ser feito por qualquer mulher...ou seja calibrar pneus, colocar àgua e verificar o óleo...

Nada tão relativamente simples que não possa ser resolvido em qualquer uma das estações de serviço, onde, sem dúvida este tipo de homens pertence. Mas bom, tudo isto me parecia totalmente indiferente, se no seguimento da acção não se verificasse a habitual falta de jeito com as palavras que os homens têm...e, uma vez mais, na dificuldade que sentem em exprimir-se.
Depois de tratar da calibragem dos pneus, precisei de ir à casa de banho, que como habitualmente, está trancada a sete chaves, não vá alguém ter um desvario e roubar um rolo de papel higiénico, o piassá (ou piassaba) e até, na loucura, o suporte magnífico dos rolos.
Dirijo-me à caixa e peço a chave da casa de banho, juntamente com o simples pedido de informação : "onde fica a casa de banho das senhoras" é nesta altura que o único neurónio do empregado responde: "é a dos deficientes, não temos mais nenhuma, a wc dos homens e a dos deficientes" peguei na chave mas fiquei a pensar nisto duas vezes (e obviamente que do sorrisinho idiota do empregado percebi a provocação, mas de facto não valia a pena dizer nada).
Tive todavia vontade de perguntar... existem apenas mulheres deficientes ou será que os homens apenas urinam pelo sítio por onde pensam? Então temos aqui falta de sinalética... ou será de casas de banho...
Também existem outras coisas que me incomodam, mas que se houver um homem iluminado, ainda que momentâneamente que me responda, e berçários para mudança de fralda, existem individualmente, ou apenas nas casas de banho dos deficientes...ou das mulheres...
Já agora, calibrei as rodas e segui viagem, no meu chasso de 20 anos (um clássico, vá!)... e fui a conduzir... há coisas fantásticas não há?

terça-feira, julho 14, 2009

Se eventualmente...

Alguém nutriu algum tipo de pena, ou piedade por Saddam Hussein aquando a sua morte por enforcamento, aconselho vivamente a leitura deste livro.
Um relato de vida sobre uma mulher iraquiana, filha de altas patentes do Iraque, que usufruiu, ao contrário da maior parte das mulheres muçulmanas uma educação superior.

Divorciada, mãe de dois filhos, tradutora, intérprete...e sem dúvida...uma vencedora num país onde as mulheres ainda valem metade de um homem...
Mayada conheceu Saddam pessoalmente, e ambos percorreram os mesmos ambientes, salões de festas, ambientes coloquiais e de protocolo... menos um...a cela de mulheres sombra 52...
Leitura recomendada

quinta-feira, junho 18, 2009

Recebi um manjerico

Recebi um manjerico
Das mãos de quem me quer bem
Tinha um segredo guardado
Que não conto a ninguém

Traz um verso emoldurado
E um vaso pequenino
Está muito bem penteado
E quem o deu é jeitosinho

Já puz o manjerico ao luar do parapeito
reguei-o com cuidado
Vamos lá ver se este dura
Mais que o do ano passado

Viva o Sto António, os manjericos, as sardinhas assadas e as noites quentes em que apetece passear ao luar...

quarta-feira, junho 03, 2009

Caçadores do tempo

Naquela manhã viajávamos no mesmo combóio. De um lado aquela mulher sonhava com que o tempo passasse mais devagar, olhando para toda a gente, e esperando alguém que possivelmente há muito já se teria ido embora. Desconfiei disso, quando a vi procurar o anel num dedo que já se esquecia de o ter. Do outro lado, viajava alguém que queria que o tempo corresse mais depressa, e tomava notas nas costas de um bilhete, das estações, e do tempo que demorávamos a chegar de uma à outra, depois de tocar o som ensurdecedor das portas a fechar.
Viviam os dois num autismo singular, mas numa semelhança tão normalmente assustadora, que por momentos pensei que tivessem sido feitos um para o outro, apesar da diferença de idades, de educações, de posturas, e ...claro está...de estações.

Chego à minha estação, e eles continuam, um a tomar notas, o outro a procurar caras familiares, e dedos anelares vazios...e claro...ambos tinham vontade de chegar à estação certa...à hora marcada.

sexta-feira, maio 01, 2009

Vida interrompida

No outro dia via um daqueles documentários sobre a natureza e a vida animal, e deslumbrei-me ao assistir à transformação de uma lagarta em crisálisa, e do esforço com que conquista tanta beleza, numa efemeridade que apenas dura entre 24 a 48 horas.

Se tudo o que fosse assim tão efémero tivesse tamanha beleza, jamais ignoraríamos um nascer e um pôr-do-sol, um beijo ao entardecer e um abraço, aquele que nos faz desfazer em lágrimas.
Se soubessemos que a beleza sacrificava a nossa vida em pouco mais que dois dias, pergunto-me, o que fazíamos de diferente, que questões colocávamos, como é que olhávamos para qualquer outra forma de existência...

"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante." - Albert Schwweitzer ( Nobel da Paz - 1952)

E agora...passando às pessoas...será que sabemos realmente qual o valor da transformação, ou continuamos a abster-nos de admirar os nossos verdadeiros dons?

domingo, abril 26, 2009

Mais um na caixa dos sonhos...

Andava eu a rebuscar a minha caixa dos sonhos, quando encontrei uma folha de papel com uma mensagem. Não sei ao certo quem escreveu, a letra era minha, mas fiz-me pensar que não podia ter sido eu, afinal existiam umas aspas...

Fiz uma busca pelo google e não encontrei nada... apenas pensava que era bom que tivesse sido eu, contudo não é isso que importa, o que importa é que alguém o tenha feito...se alguém se lembrar...diga-me... vergonha tenho de não saber quem o fez...mas teria orgulho se tivesse sido eu...


"Nem um de nós regressa de tão longe

Fitamos o sereno

Morremos em cada pássaro que nos atravessa o pensamento

E altos vamos cair noutra estrela

Podíamos ficar assim a vida toda

Podíamos amar sem nunca ter vivido

Quem sabe não perdemos por não ter dado conta.

A tristeza é uma flor que amanhece de repente

É o gesto que nos falta

E assim nos devolvemos à respiração

No pulso das coisas ficamos apenas mais tempo..."

sábado, abril 25, 2009

sexta-feira, abril 17, 2009

segunda-feira, março 23, 2009

Começo a sonhar com o verão...

...e com as chinelas nos pés, os banhos de mar e aquele arrepio quando as ondas rebentam mesmo na nossa barriga.

Começo a sonhar com o Verão...

...e com o som das noites quentes dos grilos e das cigarras, das sombras das árvores nos dias que nos fazem transpirar, e da água fresca que bebemos quando ainda encontramos uma fonte...ou uma cascata a caminho do Gerês.

Já me cheira a Santo António, que cheira a Verão, a sangria, sardinha assada e bailaricos, balões coloridos e melancia fresquinha em talhadas grossas

Já vivo no Verão...

No cheiro a praia,da pele pintada pelo sol, dos toldos às riscas brancas e azuis e do protector solar.

Já sonho...

Com a areia fininha e o sal que fica nas pestanas, com pôr do sol e as sestas na cama de rede, dos calções, dos biquinis e da nudez do mar azul a perder de vista e do céu a perder-se de estrelas, e de acordar, quando o dia nasce e me preparo para ...

as chinelas nos pés, os banhos de mar e aquele arrepio quando as ondas rebentam mesmo na nossa barriga...








quarta-feira, março 11, 2009

Onde usar uma mini-saia de lã

Quando tinha 13, 14, 15 anos dançava-se a lambada, usávamos mini-saias de lã pirosas, e trocávamos cartas com amores platónicos, porque ainda não existia email, nem telemóveis, logo era impensável escrever um sms ou enviar um mms.

Os rapazes tinham de se sujeitar a ver-nos de mini-saia na escola, nas festas...sublinhe-se matinés, que decorriam das 16h às 20h, no limite da loucura, e as "danceterias" tinham obrigatoriamente de fechar às 20h, nem mais nem menos.


Eu inventava contastantes festas de liceu, a festa da lambada, a festa do rock, a festa da madonna, a festa do house, o desfile de moda da loja Porfírios, onde as meninas e meninos com menos borbulhas na cara desfilavam na passerelle criada propositadamente na sala de convívio do liceu... onde orgulhosamente dançávamos ritmos animados dos Bros, e olhávamos de lado para "AQUELE" rapaz


Nesta altura havia eleições da lista A e lista B, para a comissão de estudantes, e usávamos orgulhosamente os autocolantes ao peito da nossa lista de eleição, que normalmente era a que tinha rapazes mais giros, de preferência com scooters e ainda mais se já tivessem uma DT ou NSR... Loucura o que as 50 cc faziam nessa altura.


Os rapazes com mota tinham a beleza potenciada por duas rodas, e em troca deixávamos que eles nos olhassem para as pernas, as minhas nessa altura possivelmente ainda não depiladas... ou será que estavam...não sei mas isso não era o que mais me me importava na altura...


quinta-feira, março 05, 2009

Ufa...


Adormeci de manhã

Perdi o combóio

Perdi o metro

Perdi a paciência

Cheguei atrasada

Transpirada

Estafada

e Irritada


Só me resta transformar-me em coelho e acordar no país da Alice

terça-feira, março 03, 2009

Gosto disto...

Gosto de combóios, mas daqueles que passam a correr pelas terriolas, e mal nos deixam ler o nome.

Gosto de adivinhas, e de me lembrar que já passei por um sítio tantas vezes, mas que parece sempre ser a primeira vez que ali chego.

Gosto de pão quente, com manteiga a derreter, num dia frio de Inverno, em que se vê o fumo pelas chaminés.

Gosto de ouvir música nos fones, e imaginar telediscos enquanto caminho, criando inúmeras histórias à minha volta.

Gosto de mastigar pastilhas, sejam chicletes ou super gorila. Gosto de fazer grandes balões e rebentá-los, depois de encher a boca até não poder mais.

Gosto de enterrar os pés descalços na areia e de mergulhar no mar pela primeira vez no ano.

Gosto de omeletes, ovos mexidos e cozidos, com pão, azeite, batatas fritas com ketchup, e de gelados, muitas bolas coloridas numa taça, com chatilly e canudos de baunilha crocantes.

Gosto de camisolas quentes no Inverno, e de gola alta, e de chinelos coloridos no Verão, que mostram os meus dedos dos pés e as unhas pintadas de vermelho.

Gosto de dançar sozinha, quando ninguém está a ver, e de rodopiar com músicas árabes, flamencas, indianas e celtas.

Gosto de me apaixonar, de chorar a rir, até fazer doer a barriga, e de descalçar as botas ao fim do dia e esticar os dedos, pôr os pés em cima das almofadas, enrolar-me no sofá com uma manta, estrategicamente colocada em cima do radiador a óleo e puxar os meus gatos para cima das orelhas...para me adormecerem ao som do ronronar...enquanto passa uma série policial na TV.

Enfim...gosto de viver com coisas simples...

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Para quando o carnaval chegar...

Confesso que desde miúda me habituei a festejar o Carnaval, e gosto de fazê-lo, conto que isto aconteça enquanto as minhas pernas se consigam mexer, os meus olhos ver, a minha boca cantar e o meu corpo sentir.

Por muito que o critiquem é um dos poucos dias do ano em que conseguimos ver a côr de cada um de nós, em que deixamos extrapolar o nosso alter-ego, soltamos serpentinas, confetis ao mesmo tempo que limpamos tristezas e enterramos o Inverno da nossa alma, na esperança de ver surgir a Primavera no dia que nasce...depois da folia.


Serpentinas e confetis lembram-me a minha infância, esta manhã viajei até uns bons anos atrás quando olhei para os rolinhos coloridos, e me lembrei como as soltava e pendurava pelos estendais.


Lembro-me perfeitamente das gargalhadas que os miúdos soltavam sempre que enchiamos os balões de água e acertávamos num dos mais distraídos, fazíamos estoirar estalinhos e desinquietavamos a vizinha do 4º esquerdo, que se queixava aos nossos pais, mas que no fundo não podia passar sem nós.


Eram tempos tão fáceis, as serpentinas, os balões e os confetis não eram virtuais. Não tínhamos TV por cabo nem internet, brincávamos sozinhos na rua, e os nossos pais não eram obrigados a usar cintos de segurança.
Os carros andavam mais devagar, o que nos dava tempo de borrifar quem passava, mas também apreciar a paisagem, porque não tínhamos mp3, e o rádio do carro só funcionava em AM, mas acredito quer éramos felizes, brincávamos na rua, mascarávamo-nos de princesas e bruxas, de super-heróis e vilões, comíamos bombocas e éramos magros... Ninguém nos falava em pedofilia, e para sabermos o que era a guerra tínhamos de ver no dicionário, porque havia coisas muito melhores para fazer e pensar.


Crescemos, tornámo-nos chatos e passámos a ter vergonha de brincar. Continuo a gostar fazê-lo, porque neste dia posso voltar aos estendais, aos balões de água e às serpentinas, e digo, em defesa desta festa...se não houvesse Carnaval como é que alguém se podia ter inspirado e composto tal poema..."Manhã de Carnaval"

domingo, fevereiro 22, 2009

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Como nascem os atacadores púrpura

Já me lembrei muitas vezes de muitos pormenores, que passeiam livremente, e diariamente, pelo meu subconsciente. Dizem os entendidos que o nosso cérebro memoriza cada instante captado pelo nosso olhar, mas que o guarda no nosso subconsciente, para que o consciente não entre em sobrecarga, e nos aconteça o que vulgarmente se apelida de "virar a boneca", "passar-se para o outro lado", "dar-lhe a travadinha" .
Tudo isto serve para me relembrar de uns atacadores púrpura que vi no outro dia. Viviam nos pés de um habitante vestido de preto, cuja diferença residia apenas nos atacadores púrpura que as suas sapatilhas usavam.
Esses pés tinham possivelmente 20 anos, se calhar nem tanto, a avaliar pelas borbulhas que habitavam o tom lívido de uma face adornada de uns óculos, quase tão transparentes, como a sua própria existência.
Olhava para mim e o seu estado de alma não sei que côr teria, mas parece-me que os atacadores eram a unica cor que timidamente habitava aquele espírito, ou não fosse a côr púrpura a dita cor, daqueles que mais evoluídos são espiritualmente.
Na minha opinião o púrpura é apenas uma cor envergonhada, quase tanto como a do habitante das sapatilhas, emolduradas por uns atacadores que, com ou sem vergonha não se importavam de lhe apertar os pés.
O púrpura é a indecisão cromática de um azul pacifista e de um vermelho apaixonado. O púrpura é uma paixão refreada pela paz azul, de um vermelho que não se quer envolver muito.
A paixão roxa nasceu do vermelho apaixonado e da paz do azul pacífico e distraído, e transformou-se em atacadores...que atacam as sapatilhas mais tímidas, negras e as almas transparentes, ocupadas por insconscientes que captam tudo, até ao momento em que deixam de olhar para mim, e olham para as sapatilhas...já desatadas

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

domingo, fevereiro 15, 2009

Hoje ...devagar

Hoje há mais um bocadinho de mim que morre, mas aquela morte tranquila, que vem devagar, que nos avisa, que nos faz pensar que a cada dia que passa há mais uma luz que se apaga.

Hoje, no dia que chamei por ti a última vez, a minha voz já pareceu não conseguir gritar com tanta força, há palavras que fazem doer os ouvidos e a garganta...mas piores são as que fazem doer a alma.


Já calcei e descalcei os sapatos uma e outra vez, já me levantei de noite muitas vezes para me ir embora, mas ainda não tive coragem, não sei porquê...
Será que é o amor que nos apega à inexactidão de sentimentos. Será que quando amamos a nossa razão fica de tal modo entorpecida que não somos capazes de dar mais um passo, sem que o coração doa...naquela dor insuportável, que nos faz faltar o ar, que nos prende os movimentos, que não nos deixa ouvir...e que nos faz chorar quando nos fazem sentir a loucura que não temos dentro de nós...apenas uma dor...muito aguda...que aleija sempre no mesmo sítio.

Ode às mulheres da minha vida


São muitas, algumas já nem me lembro do nome. As minhas antepassadas perdem-se na linha do tempo e por isso lhes peço desculpa. Beatriz, Ema, Maria, Carolina, Catarina, Joaquina,Piedade...algumas que me lembro, ainda trocámos olheres confidências, ou pelo menos ouvi algumas das suas histórias. Corre em todas elas o sangue lusitano, oriundo de Lisboa, Ribatejo, Minho, Raia de Espanha, e até galego...este aqui mais antigo e ibérico.
Venderam fruta, fizeram contrabando de café, choraram com um filho morto nos braços, entre as águas do rio Minho, nessa altura era proibido comprar café e vendê-lo fora de fronteira. Deixaram os filhos com outros filhos, e viajaram pelas terras com os maridos, vendiam peles e castanha e feijão, e com olhos azuis e verdes, e cabelos negros e ruivos morreram por amor (...se calhar também mataram...de desgosto).
Não casaram, foram mães de filhos de pais que não o queriam ser, casaram por amor e sem ele, casaram para fugir ao trabalho do campo e cuidaram das quintas, da terra, da vinha...até roubaram um marido a Deus, que não resistiu a uma pele branca e cabelos cor de cobre.
Esguias, altas, mas também morenas e roliças, todas elas são exemplos de valentia e prova disso é a mãe, a minha, que por vontade do destino se dedica hoje às artes, para contrariar um desejo que viu impedido quando era ainda miúda.
Aprenderam a costurar, bordar, coser e cerzir, a cozinhar e a cuidar deles, mas vestiram calças, andaram com juntas de bois, arregaçaram as mangas e disseram que não muitas vezes (outras houve...que disseram que sim). Graças a todas e a cada uma delas sou a mulher que sou, e graças a um gene forte ergo a cabeça e orgulho-me em ser mulher.
Choraram, perderam filhos, ou tiraram-nos simplesmente para não faltar mais pão às bocas que já tinham de alimentar. Usaram saia comprida, corpete e mini-saia, mas foram sempre senhoras. Lutaram e lutam ainda hoje por sonhos, passam a mensagem de que a vida é uma passagem, um pequeno legado que vamos deixar, de gene em gene, de sorriso em sorriso, de lágrima em lágrima.
Choraram, sim, muitas vezes, de alegria e outras de tristeza, muitas em silêncio, e outras em solidão, mas sempre acalentando a esperança que o dia depois de amanhã vai ser melhor, com mais um pão para comer, um filho para criar, um companheiro para manter, mas sobretudo para encher de força cada uma das gerações, com o legado do nome que um dia abdicaram por amor.
Duarte, Vasconcelos, Lourenço e Paixão, são alguns dos nomes que deixaram para trás, mas que eu carrego ainda e sempre no meu sangue! Obrigada mães, sem vocês não seria a mulher em que hoje me tornei, e por todas vós hei-de ser...um pouco mais.

sábado, janeiro 10, 2009

Eu sou...




"Sou como cada um me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como me vês passar."