Que feito larva em metamorfose
Criamos asas e voamos num sonho
De um mundo melhor,
De amor ao próximo,
de bondade plenas e cortesias
a esmo
E se não for assim
que sequer brilhem as luzes
Do nosso pinheirinho interior
Gauss
Como nada acontece por acaso, nem a vida é uma sequência abstracta de momentos, também as desculpas não existem sem uma culpa aparente
Sabes quando olhas para uma t-shirt e dizes...foi feita para mim. Vestes e fica à tua medida, nem larga, nem apertada, e a cor? Combina com o teu cabelo, os teus olhos, o tom do teu sorriso e mesmo de toda a roupa que tu usas.
Sabes que ela se suja, e que tens de lavá-la, mas como é tão tua,tão a tua medida, não te importas que envelheça contigo, que fique pendona, perca elasticidade e cor...aliás assim é que ela tem piada...e nem queres usar mais nenhuma, porque aquela é que é a tua t-shirt...
Há porém um dia, que uma nódoa cai, fazes um puxão, passas numa falha de uma porta e fazes-lhe um rasgão... tu...e mesmo assim continuas a querer vesti-la...sabes que o conforto que te dá não equivale a nenhuma outra de maior griffe ou status... e mesmo quando já não haja cura, nem hipótese... sentes pena de ter de deitá-la fora...
Depois...depois tens frio...não consegues vestir mais nenhuma...já que nada te assentará tão bem como antes...como aquela t-shirt...
Existem coisas, pessoas e situações na nossa vida que são assim...ficam-nos bem como as camisolas que achamos que vamos vestir para sempre...até que uma nódoa ou um rasgão, ou alguém influente diz que não, e nos obriga a tirá-las...de uma vez por todas da nossa vida...
Começo a sonhar com o Verão...
...e com o som das noites quentes dos grilos e das cigarras, das sombras das árvores nos dias que nos fazem transpirar, e da água fresca que bebemos quando ainda encontramos uma fonte...ou uma cascata a caminho do Gerês.
Já me cheira a Santo António, que cheira a Verão, a sangria, sardinha assada e bailaricos, balões coloridos e melancia fresquinha em talhadas grossas
Já vivo no Verão...
No cheiro a praia,da pele pintada pelo sol, dos toldos às riscas brancas e azuis e do protector solar.
Já sonho...
Com a areia fininha e o sal que fica nas pestanas, com pôr do sol e as sestas na cama de rede, dos calções, dos biquinis e da nudez do mar azul a perder de vista e do céu a perder-se de estrelas, e de acordar, quando o dia nasce e me preparo para ...
as chinelas nos pés, os banhos de mar e aquele arrepio quando as ondas rebentam mesmo na nossa barriga...