Existem relações que acabam bem, mas outras há que parecem autênticas guerras civis, com baixas, destruição de património e luto, sim, porque o ex deve ser apelidado de defunto, para acabar o mal pela raiz e ver o fim à história.
Sou e fui testemunha de boas relações, e ainda bem que há quem se entenda, mas entre a paz podre e a guerra civil confesso preferir a segunda parte, nada como uns bons gritos, um bom enxovalhar de parte a parte, para criar o ódio necessário para uma separação, ou então, porque também as há, alimentar a paixão e ter daquelas reconciliações de fazer inveja ao cometa Halley, com a vantagem de não acontecer apenas de 76 em 76 anos.
E a história começa assim...
Há cerca de três anos acompanhava um relacionamento de um casal amigo meu. Pareciam apaixonados, se bem que já nessa altura me irritava solenemente a forma como o jovem implicava com os vícios, porque não se deve fumar, porque não se deve beber, ai e tal "uma peça de fruta deve fazer-te melhor", mas era tão bom moço e tratava tão bem toda a gente, sobretudo as amigas, que resolvi amainar o meu mau feitio.
A tudo isto juntava-se uma dedicação magistral ao trabalho, que se alongava pelas noites dentro e o impedia de ter livres grande parte dos fins de semana... Cheirou-me logo mal tanta falta de tempo, mas pior ainda quando se revelou que afinal esse trabalho exaustivo tinha nome feminino, era acompanhado de problemas capilares, e a dupla travava verdadeiros combates dentro de quatro portas, ou duas se fosse um comercial.
As cenas kinky dão um "je ne sais quoi" a todas as relações, desde que não haja uma terceira pessoa a fazer figura de idiota, e o meliante se passe por purista anti-álcool (na volta até seria anti-sexo, mas só com a companheira), e depois tenha problemas de dupla personalidade.
Mas como a mentira tem perna curta...
Conclusão, numa dessas manhãs seguintes à tal noitada de trabalho, a mentira de perna curta torna-se manca e a curiosidade, morta por uma mulher desconfiada, procura explicação in loco num telemóvel que toca todas as noites, a horas que não lembram nem aos serviços de cobranças mais exigentes, e gera imediatamente no infractor, uma reacção pavloviana.
A atitude básica do sexo masculino não funcionou, uma vez mais, ao não apagar as mensagem canal 18 que tinha trocado com o terceiro elemento (uma mulher jamais cometeria tal erro), e o perneta vê-se tão encolhido momentaneamente que não tem como reagir.
Resultado, guerra civil, o fim, e o purista empresário de sucesso vê-se obrigado a voltar para casa dos papás, munido de sacos de plástico recheados dos seus pertences, quem sabe até hoje.
A história é triste, mas verdadeira, mas mais triste é receber um telefonema da amiga, que entretanto já refez, e bem, a sua vida, a comentar que tinha recebido um sms com três anos de atraso, do senhor como deve de ser, a perguntar-lhe pela família e se estava tudo bem pois já não se falavam há muito tempo... não existe resposta para isto, e diria que, entretanto, o senhor só pode ter começado a tomar drogas, pois ninguém fica em silêncio três anos para enviar uma mensagm tão descabida.
Moral da história
Infelizmente a maior parte dos homens que não consegue ter uma relação séria tem necessidade de se "alambazar" com o maior número de mulheres, e ainda anda, eventualmente, com falta de acção, não consegue perder totalmente o contacto com as ex-namoradas, guardando religiosamente os números em agenda telefónica, para futuras reciclagens.
Fiquei sinceramente aliviada por saber que este sms não teve resposta, agora só espero que o jovem, numa das suas incursões nocturnas se cruze nas luzes da noite com uma boazona, a sério que me faria feliz, mas que depois de alguns apertos e beijos mais quentes, ela lhe revele que não tem um clitóris hiper desenvolvido, é mesmo um pénis, porque os pais lhe deram o nome de nascença de Ricardão.
Podem ler mais às segundas-feiras em: http://aeiou.expresso.pt/agenda-de-contactos-reciclaveis=f578669