Na altura em que usava franja e cabelo curto (agora gostava de voltar a pôr a franja, mas nem que viesse o papa cortava os meus longos cabelos naturais, sempre confundidos com extensões pelas invejosas das cabeleireiras) e dava por baixo da cintura à minha mãe (vá...um pouco acima dos joelhos...às vezes ainda gosto de me sentir assim com ela, quando conversamos) passeávamos muito na rua, e a minha mãe teimava em levar-me a um salão de cabeleireiro em Lisboa, que vá lá saber-se o porquê, não gostava nada.
Numa das idas ao baeta, para cortar a franja, eis que entro no salão, aparentemente bem comportada, e a senhora empregada muito simpática prepara-se para me lavar a cabeça. Lembro-vos que naquela altura dezenas de senhoras secavam o cabelo naqueles secadores fixos enormes, faziam mise en plix e punham centenas de rolos...dando ao cabeleireiro uma imagem alienígena totalmente fora da realidade de uma criança de 4 ou cinco anos.
Eis se não quando desato num berreiro, a pedir à minha mãe para me levar dali, pois não queria que me lavassem a cabeça numa sanita e me pusessem a secar o cabelo numa batedeira de bolos...Vá-se entender...as crianças têm razões que a própria razão desconhece...e convenhamos que não estão muito fora da realidade...