domingo, maio 02, 2010

Agenda de contactos "recicláveis"


Existem relações que acabam bem, mas outras há que parecem autênticas guerras civis, com baixas, destruição de património e luto, sim, porque o ex deve ser apelidado de defunto, para acabar o mal pela raiz e ver o fim à história.


Sou e fui testemunha de boas relações, e ainda bem que há quem se entenda, mas entre a paz podre e a guerra civil confesso preferir a segunda parte, nada como uns bons gritos, um bom enxovalhar de parte a parte, para criar o ódio necessário para uma separação, ou então, porque também as há, alimentar a paixão e ter daquelas reconciliações de fazer inveja ao cometa Halley, com a vantagem de não acontecer apenas de 76 em 76 anos.


E a história começa assim...


Há cerca de três anos acompanhava um relacionamento de um casal amigo meu. Pareciam apaixonados, se bem que já nessa altura me irritava solenemente a forma como o jovem implicava com os vícios, porque não se deve fumar, porque não se deve beber, ai e tal "uma peça de fruta deve fazer-te melhor", mas era tão bom moço e tratava tão bem toda a gente, sobretudo as amigas, que resolvi amainar o meu mau feitio.
A tudo isto juntava-se uma dedicação magistral ao trabalho, que se alongava pelas noites dentro e o impedia de ter livres grande parte dos fins de semana... Cheirou-me logo mal tanta falta de tempo, mas pior ainda quando se revelou que afinal esse trabalho exaustivo tinha nome feminino, era acompanhado de problemas capilares, e a dupla travava verdadeiros combates dentro de quatro portas, ou duas se fosse um comercial.
As cenas kinky dão um "je ne sais quoi" a todas as relações, desde que não haja uma terceira pessoa a fazer figura de idiota, e o meliante se passe por purista anti-álcool (na volta até seria anti-sexo, mas só com a companheira), e depois tenha problemas de dupla personalidade.


Mas como a mentira tem perna curta...


Conclusão, numa dessas manhãs seguintes à tal noitada de trabalho, a mentira de perna curta torna-se manca e a curiosidade, morta por uma mulher desconfiada, procura explicação in loco num telemóvel que toca todas as noites, a horas que não lembram nem aos serviços de cobranças mais exigentes, e gera imediatamente no infractor, uma reacção pavloviana.
A atitude básica do sexo masculino não funcionou, uma vez mais, ao não apagar as mensagem canal 18 que tinha trocado com o terceiro elemento (uma mulher jamais cometeria tal erro), e o perneta vê-se tão encolhido momentaneamente que não tem como reagir.
Resultado, guerra civil, o fim, e o purista empresário de sucesso vê-se obrigado a voltar para casa dos papás, munido de sacos de plástico recheados dos seus pertences, quem sabe até hoje.

A história é triste, mas verdadeira, mas mais triste é receber um telefonema da amiga, que entretanto já refez, e bem, a sua vida, a comentar que tinha recebido um sms com três anos de atraso, do senhor como deve de ser, a perguntar-lhe pela família e se estava tudo bem pois já não se falavam há muito tempo... não existe resposta para isto, e diria que, entretanto, o senhor só pode ter começado a tomar drogas, pois ninguém fica em silêncio três anos para enviar uma mensagm tão descabida.


Moral da história


Infelizmente a maior parte dos homens que não consegue ter uma relação séria tem necessidade de se "alambazar" com o maior número de mulheres, e ainda anda, eventualmente, com falta de acção, não consegue perder totalmente o contacto com as ex-namoradas, guardando religiosamente os números em agenda telefónica, para futuras reciclagens.
Fiquei sinceramente aliviada por saber que este sms não teve resposta, agora só espero que o jovem, numa das suas incursões nocturnas se cruze nas luzes da noite com uma boazona, a sério que me faria feliz, mas que depois de alguns apertos e beijos mais quentes, ela lhe revele que não tem um clitóris hiper desenvolvido, é mesmo um pénis, porque os pais lhe deram o nome de nascença de Ricardão.


sábado, fevereiro 20, 2010

Caridade...procura-se

No meio da correria a caminho do trabalho ou das compras compulsivas, a multidão passava desatenta à mão que se estendia numa estação de metro de Lisboa, que serve de passagem a uma dessas grandes superfícies comerciais.

Ela tem olhos azuis, e muitas primaveras já lhe passaram pela pele enrugada, cabelo ralo e branco e nas memórias de uma juventude onde só ela sabia o que fazia. "Se soubesse o que eu corria!" Confessou-me. E eu soube... e vi-a com 20 anos a caminhar de vestido cintado, cabelo penteado e um baton vermelho, a sorrir aos piropos dos que passavam por ela na rua..até aposto que usava uns sapatos de salto alto...vermelhos...e cantarolava uma música romântica de um ídolo de brilhantina no cabelo.

Parei. não consegui fugir pelo meio da multidão, quis falar com ela, saber o que tinha para me contar. Cada ruga soletrava-me uma história, mas mais estórias contavam os olhos rasos de lágrimas quando lhe perguntei pela família. Chama-se Maria, como tantas outras, mas tenho a certeza que em nova não ía com qualquer uma. Imagino-a a soltar gargalhadas de sorriso brilhante, agora perdido.

Pergunto por onde caminhamos, como passamos todos os dias ausentes da realidade e da solidão em que vivemos todos os dias (e fazemos viver) mas também me pergunto que família se sente impune ao abandonar uma mãe ou uma avó, ao frio de um Inverno, na solidão da velhice, numa viuvez de principios.

Quando me confessou fome, quis abraçá-la e protegê-la, como se protege um garoto que chora perdido a chamar pelos pais, mas apenas lhe aqueci uma sopa, que achei tão pouco, quando ela me retribuiu com muito mais, nos desejos de alegria e na felicidade para os meninos, que ainda não tenho.

Ficou só, e eu fiquei ainda mais, quando remoída pelos meus pensamentos e o peso de tê-la deixado tão desamparada, ao confessar que morria todos os dias mais um pouco mais...
Do alto do nosso ego fazemos tão pouco e enchemo-nos de orgulho umbilical, cada vez que nos alienamos e distanciamos mais da realidade isenta de valores de respeito e caridade social.

A velhice é uma segunda infância, e deixar ao abandono alguém tão frágil é mais grave que lhe tirar a vida, é simplesmente roubar-lhe a alegria de fazer mais do que simplesmente sobreviver, ser feliz e viver a velha infância com a dignidade que lhe devia ser oferecida com troféu de entrega a uma vida de tantos anos.
Os idosos são as raízes da sociedade, e cada vez que os ignoramos e passamos ao lado daquele sofrimento alheio, perdemos enquanto seres humanos e faltamos ao respeito aos nossos antepassados, esquecendo-nos que o livro da vida se escreve no tempo...e cada dia a mais se junta ao calendário da velhice que, de mão estendida, espera por nós.





segunda-feira, fevereiro 08, 2010

E como gosto de botas...

...Achei que deveria partilhar este magnífico tema dos anos 60

quinta-feira, janeiro 28, 2010

A inveja é uma coisa...muito feia

Existem pessoas feias, carros feios, coisas feias,lugares feios e animais feios...Aliás, existe uma panóplia de pessoas, coisas, objectos, sítios intragáveis, horripilentos, que nos dão náuseas, mau estar, dores de cabeça e nos fazem pensar no porquê de nos termos cruzado com elas.

Os nossos sentidos apercebem-se destas realidades e automaticamente nos dizem: "por favor não repitas esta experiência", e nós fielmente tentamos obedecer...


Agora me pergunto...como fazemos com a inveja???? Existe algo mais feio, asqueroso e vulgar? Não pois não...então porque é que sinto que este tipo de capítulos se repete inadvertidamente todos os dias e não me consigo livrar dele... Da mesma maneira que nos conseguimos escapar de lugares feios, também nos devíamos conseguir escapulir de gente invejosa...


Se alguém souber dê-me uma dica

terça-feira, janeiro 19, 2010

Memórias de franja


Na altura em que usava franja e cabelo curto (agora gostava de voltar a pôr a franja, mas nem que viesse o papa cortava os meus longos cabelos naturais, sempre confundidos com extensões pelas invejosas das cabeleireiras) e dava por baixo da cintura à minha mãe (vá...um pouco acima dos joelhos...às vezes ainda gosto de me sentir assim com ela, quando conversamos) passeávamos muito na rua, e a minha mãe teimava em levar-me a um salão de cabeleireiro em Lisboa, que vá lá saber-se o porquê, não gostava nada.


Numa das idas ao baeta, para cortar a franja, eis que entro no salão, aparentemente bem comportada, e a senhora empregada muito simpática prepara-se para me lavar a cabeça. Lembro-vos que naquela altura dezenas de senhoras secavam o cabelo naqueles secadores fixos enormes, faziam mise en plix e punham centenas de rolos...dando ao cabeleireiro uma imagem alienígena totalmente fora da realidade de uma criança de 4 ou cinco anos.


Eis se não quando desato num berreiro, a pedir à minha mãe para me levar dali, pois não queria que me lavassem a cabeça numa sanita e me pusessem a secar o cabelo numa batedeira de bolos...Vá-se entender...as crianças têm razões que a própria razão desconhece...e convenhamos que não estão muito fora da realidade...

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Problemas de Expressão

Já alguma vez vos passou pela cabeça que a língua que falam pode não ser compreendida por toda a gente? E que nem sempre aquilo que dizemos é aquilo que os outros ouvem, ou aquilo que os outros ouvem nem sempre é aquilo que gostávamos que ouvissem.

Creio que nos últimos tempos, tal como a fabulosa e velhinha música dos Clã, ando com um "Problema de Expressão". Não porque não saiba o que quero dizer, não por não saber o que digo, não por não saber o que os outros deviam ouvir, mas porque as minhas mensagens nunca chegam ao destinatário certo, ou então chegam...mas não da forma como gostaria.


Já pensei em reaprender semiótica, linguística e neurolinguística...mas acho que só ia complicar, ainda mais o sistema comunicacional.