
Que feito larva em metamorfose
Criamos asas e voamos num sonho
De um mundo melhor,
De amor ao próximo,
de bondade plenas e cortesias
a esmo
E se não for assim
que sequer brilhem as luzes
Do nosso pinheirinho interior
Gauss
Como nada acontece por acaso, nem a vida é uma sequência abstracta de momentos, também as desculpas não existem sem uma culpa aparente
Um reflexologista olhava para os pés de muita gente, que insistia em tirar as meias e mostrar calosidades e joanetes. A conclusão era sempre a mesma... joanetes, fuga do ideal de vida, da vocação do que estava previsto, contrariedade. Já as calosidades são o mesmo que dizer obstinações. 
Há quem diga que todos os dias temos de fazer pela vida.
Há nove anos atrás vivia em Paris, procurava, como ainda hoje, encontrar o sentido da vida, que segundo os Monty Pyton é algo tão simples como olhar para o "lado brilhante" ou vá sorridente...mas que para mim é muito mais do que isso, se bem que encontro muito sentido, na falta de sentido da vida dos Monty Pyton :)
Sabes quando olhas para uma t-shirt e dizes...foi feita para mim. Vestes e fica à tua medida, nem larga, nem apertada, e a cor? Combina com o teu cabelo, os teus olhos, o tom do teu sorriso e mesmo de toda a roupa que tu usas.
Sabes que ela se suja, e que tens de lavá-la, mas como é tão tua,tão a tua medida, não te importas que envelheça contigo, que fique pendona, perca elasticidade e cor...aliás assim é que ela tem piada...e nem queres usar mais nenhuma, porque aquela é que é a tua t-shirt...
Há porém um dia, que uma nódoa cai, fazes um puxão, passas numa falha de uma porta e fazes-lhe um rasgão... tu...e mesmo assim continuas a querer vesti-la...sabes que o conforto que te dá não equivale a nenhuma outra de maior griffe ou status... e mesmo quando já não haja cura, nem hipótese... sentes pena de ter de deitá-la fora...
Depois...depois tens frio...não consegues vestir mais nenhuma...já que nada te assentará tão bem como antes...como aquela t-shirt...
Existem coisas, pessoas e situações na nossa vida que são assim...ficam-nos bem como as camisolas que achamos que vamos vestir para sempre...até que uma nódoa ou um rasgão, ou alguém influente diz que não, e nos obriga a tirá-las...de uma vez por todas da nossa vida...

Ontem devia ter adormecido e hoje só devia ter acordado amanhã!
Antes mesmo de ir de férias resolvi, como habitualmente, fazer algo que os homens julgam apenas direccionado para eles, e algo impensável e/ou impossível de ser feito por qualquer mulher...ou seja calibrar pneus, colocar àgua e verificar o óleo...
Alguém nutriu algum tipo de pena, ou piedade por Saddam Hussein aquando a sua morte por enforcamento, aconselho vivamente a leitura deste livro.
Recebi um manjerico
Naquela manhã viajávamos no mesmo combóio. De um lado aquela mulher sonhava com que o tempo passasse mais devagar, olhando para toda a gente, e esperando alguém que possivelmente há muito já se teria ido embora. Desconfiei disso, quando a vi procurar o anel num dedo que já se esquecia de o ter. Do outro lado, viajava alguém que queria que o tempo corresse mais depressa, e tomava notas nas costas de um bilhete, das estações, e do tempo que demorávamos a chegar de uma à outra, depois de tocar o som ensurdecedor das portas a fechar.
No outro dia via um daqueles documentários sobre a natureza e a vida animal, e deslumbrei-me ao assistir à transformação de uma lagarta em crisálisa, e do esforço com que conquista tanta beleza, numa efemeridade que apenas dura entre 24 a 48 horas.
Andava eu a rebuscar a minha caixa dos sonhos, quando encontrei uma folha de papel com uma mensagem. Não sei ao certo quem escreveu, a letra era minha, mas fiz-me pensar que não podia ter sido eu, afinal existiam umas aspas...
...e com as chinelas nos pés, os banhos de mar e aquele arrepio quando as ondas rebentam mesmo na nossa barriga.Começo a sonhar com o Verão...
...e com o som das noites quentes dos grilos e das cigarras, das sombras das árvores nos dias que nos fazem transpirar, e da água fresca que bebemos quando ainda encontramos uma fonte...ou uma cascata a caminho do Gerês.
Já me cheira a Santo António, que cheira a Verão, a sangria, sardinha assada e bailaricos, balões coloridos e melancia fresquinha em talhadas grossas
Já vivo no Verão...
No cheiro a praia,da pele pintada pelo sol, dos toldos às riscas brancas e azuis e do protector solar.
Já sonho...
Com a areia fininha e o sal que fica nas pestanas, com pôr do sol e as sestas na cama de rede, dos calções, dos biquinis e da nudez do mar azul a perder de vista e do céu a perder-se de estrelas, e de acordar, quando o dia nasce e me preparo para ...
as chinelas nos pés, os banhos de mar e aquele arrepio quando as ondas rebentam mesmo na nossa barriga...
Quando tinha 13, 14, 15 anos dançava-se a lambada, usávamos mini-saias de lã pirosas, e trocávamos cartas com amores platónicos, porque ainda não existia email, nem telemóveis, logo era impensável escrever um sms ou enviar um mms.
Gosto de combóios, mas daqueles que passam a correr pelas terriolas, e mal nos deixam ler o nome.
Confesso que desde miúda me habituei a festejar o Carnaval, e gosto de fazê-lo, conto que isto aconteça enquanto as minhas pernas se consigam mexer, os meus olhos ver, a minha boca cantar e o meu corpo sentir.
Já me lembrei muitas vezes de muitos pormenores, que passeiam livremente, e diariamente, pelo meu subconsciente. Dizem os entendidos que o nosso cérebro memoriza cada instante captado pelo nosso olhar, mas que o guarda no nosso subconsciente, para que o consciente não entre em sobrecarga, e nos aconteça o que vulgarmente se apelida de "virar a boneca", "passar-se para o outro lado", "dar-lhe a travadinha" .
Hoje há mais um bocadinho de mim que morre, mas aquela morte tranquila, que vem devagar, que nos avisa, que nos faz pensar que a cada dia que passa há mais uma luz que se apaga.